Espanha inspira gerações futuras antes do início da Copa do Mundo: "Deixe as meninas verem que é possível chegar ao topo do rúgbi."

“Para nós, isto não é apenas um torneio. É mais do que uma Copa do Mundo.” Estas foram as palavras de Laura Delgado e Alba Vinuesa em York, Inglaterra, onde a seleção feminina espanhola se reúne para se preparar para a estreia na Copa do Mundo de Rúgbi amanhã, contra a Nova Zelândia, atual campeã mundial, às 18h30. As expectativas para a Copa do Mundo na Inglaterra são altas. Tanto que todos os ingressos para a final, que será disputada no dia 27 de setembro na Allianz Arena, em Twickenham, com capacidade para 82.000 espectadores, já estão esgotados.
A seleção espanhola está encarando a Copa do Mundo com grande entusiasmo após não ter conseguido se classificar para a Copa do Mundo de 2021, que foi realizada um ano depois na Nova Zelândia.
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Uma das jogadoras que viveu essa época, e que hoje é uma das mais velhas, com 34 anos, é Lourdes Alameda, a segunda jogadora com mais jogos pela seleção espanhola, depois de Laura Delgado. Alameda, que jogou handebol até os 17 anos, desenvolveu seu amor pelo rúgbi quando começou a estudar biologia na Universidade Complutense de Madri. "Fiz um intercâmbio no Canadá (Oakville). Foi entre estudantes espanhóis e franceses, e estávamos com um grupo de jogadores muito apaixonados por rúgbi que nos ensinaram o que era o haka e quem eram Sébastien Chabal e Jonah Lomu. Quando cheguei à universidade, não havia handebol, mas havia rúgbi e, além disso, no departamento de Geologia, que era ao lado do meu. Adorei a atmosfera do rúgbi e me apaixonei", lembra Alameda em conversa com La Vanguardia.
Os internacionais lutaram para melhorar suas condições a fim de construir as bases para o futuro.Jogadoras como ela tiveram que superar muitos obstáculos ao longo do caminho para alcançar maior estabilidade estrutural e reconhecimento no rúgbi feminino espanhol. O salto mais significativo para a seleção feminina ocorreu há alguns anos, quando a Federação Espanhola de Rúgbi (RFER) aprovou bolsas de estudo para as jogadoras. "Agora recebemos um dinheiro mensal, mas antes era pago com base no estágio. A grande maioria de nós sobrevivia com o apoio dos pais ou com base no nosso desempenho. Depois da última Copa do Mundo, passaram-se sete meses sem notícias da Federação. Lutamos muito para que isso não aconteça novamente, porque depois de cada Copa do Mundo nos sentíamos um pouco perdidas e tínhamos aquela sensação de vazio. Agora, começam a surgir mais condições profissionais. Temos uma nutricionista, uma especialista em toque e uma especialista em scrum, mas ainda há um longo caminho a percorrer", diz a jogadora da seleção.
Esta Copa do Mundo é para plantar uma semente para que essas meninas queiram ser como nós e até melhores.” Lourdes Alameda, jogadora da seleção espanhola feminina de rúgbi
Elas preencheram esse sentimento de vazio com mensagens inspiradoras para semear para o futuro: "Esta Copa do Mundo é uma grande oportunidade para as meninas do nosso país verem que isso é possível, que é possível chegar ao topo do rúgbi internacional e jogar contra as melhores do mundo. É muito importante porque planta uma semente para que essas meninas queiram ser como nós e até melhores", conclui Alameda, emocionada.
Nós conquistamos o direito de nos divertir, mas já que estamos aqui, queremos competir.” Juan González Marruecos, treinador da seleção espanhola feminina de rúgbi
No comando está o técnico Juan González Marruecos, que assumiu com o objetivo de "formar um bom grupo que integre os jogadores em treinamentos de alto rendimento para se classificarem para esta Copa do Mundo". A Espanha chega à Inglaterra com a lição de casa feita, mas sem abrir mão de nada, como reflete González Marruecos: "Conquistamos o direito de nos divertir, mas já que estamos aqui, queremos competir. Amanhã enfrentamos os atuais campeões mundiais e queremos desafiá-los. Essa é mais uma parte do processo que certamente nos fará melhorar."
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